quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Conceição Evaristo é tema de encontro do Leia Mulheres Joinville e Projeto Folhetim


No dia 29 de setembro, das 15h às 17h30, o galpão da Associação Joinvilense de Teatro - Ajote (Rua XV de Novembro, 1383, bairro América, anexo à Cidadela Cultural Antarctica) sedia um encontro especial sobre a autora brasileira Conceição Evaristo. O clube de leitura Leia Mulheres Joinville – que propõe ações para inclusão da presença da mulher no mercado editorial, com a leitura e debate mensais sobre obras escritas por elas – irá debater o livro “Olhos D’água” (2014). A mediação do grupo é feita pela jornalista Marcela Güther. A entrada é gratuita.

O encontro terá participação especial do Projeto Folhetim, para a realização de leituras dramáticas dos contos “Maria” e “Quantos filhos Natalina teve?”. O projeto, que atua desde 2015 na cidade, tem como objetivo proporcionar espaços de escuta e discussão a partir de leituras dirigidas e dramáticas de textos literários. É uma ação do projeto de extensão do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC Campus Joinville), e conta com a coordenação do professor de língua portuguesa da instituição, Samuel Kühn.

SOBRE O LIVRO

Em “Olhos d’água”, Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem. Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. Ou serão todas a mesma mulher, captada e recriada no caleidoscópio da literatura em variados instantâneos da vida?

No livro, estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, amantes, homens e mulheres – todos evocados em seus vínculos e dilemas sociais, sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a humana condição. Sem quaisquer idealizações, são aqui recriadas com firmeza e talento as duras condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira.

Conceição Evaristo nasceu numa favela da zona sul de Belo Horizonte. Teve que conciliar os estudos com o trabalho como empregada doméstica, até concluir o curso Normal, em 1971, já aos 25 anos. Mudou-se então para o Rio de Janeiro, onde passou num concurso público para o magistério e estudou Letras na UFRJ. Na década de 1980, entrou em contato com o Grupo Quilombhoje. Estreou na literatura em 1990, com obras publicadas na série “Cadernos Negros”, publicada pela organização.

É Mestra em Literatura Brasileira pela PUC-Rio, e Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense. Suas obras, em especial o romance “Ponciá Vicêncio”, de 2003, abordam temas como a discriminação racial, de gênero e de classe. A obra foi traduzida para o inglês e publicada nos Estados Unidos em 2007.

SOBRE O LEIA MULHERES

O #LeiaMulheres é inspirado no #readwomen2014, projeto-manifesto criado pela escritora e ilustradora britânica Joanna Walsh. A ideia por trás da hashtag tem a ver com uma luta cada vez mais compartilhada de empoderar mulheres escritoras que sobrevivem a um mercado editorial com preponderância de vozes masculinas.

“A expectativa é que se gere o hábito de se discutir livros em clubes, em encontros, fomentando cada vez mais a curiosidade por autoras e pela leitura em si. Que se possa repensar o mercado, com as pessoas procurando mais autoras, com as livrarias expondo mais escritoras nas estantes”, explica Marcela Güther, mediadora e organizadora do Leia Mulheres em Joinville. No Estado, há outros clubes do circuito apenas em Florianópolis e Blumenau. No Brasil, o movimento, criado em São Paulo há cerca de três anos, já abrange mais de 50 cidades.

“Do ponto de vista editorial, pura e simplesmente, tem muitas mulheres trabalhando em editoras e isso é bacana. Mas acho que ainda tem muito poucas autoras publicadas. Então, nesse sentido, o #LeiaMulheres é maravilhoso. Eu me deparei com diversos nomes que não conhecia, além de diversos artigos recuperando mulheres que toda a vida escreveram sob pseudônimos ou que escrevem sobre a periferia”, relatou a frequentadora do clube joinvilense Luciana Trindade, de 43 anos, ao projeto Mulheres 101.

“Antes, eu não tinha parado para pensar muito sobre mulheres ou homens na literatura. Mas a gente sabe que ainda tem uma diferença. Nestes espaços, onde conseguimos conversar mais, é possível ver onde estão os probleminhas que precisamos resolver. Essas questões ficam mais claras”, aponta Carla Berkenbrock, de 38 anos, que acompanha o grupo desde o início.

ENTRADA GRATUITA

Grupo do Leia Mulheres Joinville no Facebook:
https://www.facebook.com/groups/leiamulheresjoinville
Página do Instagram do Leia Mulheres Joinville:
https://www.instagram.com/leiamulheresjoinville/

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